E aí? Tudo Multes?
Ontem me deparei com mais um post no Instagram que me acendeu a fúria de uma pessoa que acredita na ciência, haha. isso acontece com frequência no Instagram, mas nesse caso foi um post basicamente falando sobre o malefício de carros elétricos para o corpo humano. então decidi que era hora de ter uma postagem fixa por aqui para contra argumentar com facilidade sempre que necessário, enviando o link
Os tópicos:
“Carros elétricos geram campos eletromagnéticos (ELF) que interferem na condução elétrica do sistema nervoso.”
Praticamente tudo que envolve eletricidade ou magnetismo produz campos eletromagnéticos, mas em níveis diferentes. Isso inclui equipamentos elétricos, eletrodomésticos, dispositivos eletrônicos e até o próprio corpo humano (em escalas muito baixas).
Os campos magnéticos são reais, e conhecidos pela humanidade, geralmente pseudociências são assim, se baseiam em coisas reais, mas dão aquela apimentada que tem intuito de assustar.
Campos magnéticos são medidos em “Teslas”
Tudo produz algum campo, mas nem tudo tem efeito significativo.
A maioria dos dispositivos do dia a dia gera campos extremamente baixos, muito menores que os limites considerados inseguros por órgãos como a OMS e ICNIRP.
Sendo assim Carros elétricos realmente produzem campos eletromagnéticos de baixa frequência (ELF), principalmente por causa do motor e das baterias. Não há nenhuma evidência científica de que os campos gerados por carros elétricos interfiram diretamente no sistema nervoso humano.
Os níveis de ELF emitidos nos veículos são muito baixos (na ordem de microteslas, µT, muito abaixo dos limites estabelecidos por órgãos como a ICNIRP e a OMS).
O corpo humano é constantemente exposto a campos eletromagnéticos naturais, o próprio campo magnético terrestre ≈ 50 µT, muito maior do que o dos veículos elétricos que é na faixa de 3,9 µT, por dedução lógica qualquer coisa abaixo do campo magnético da terra não pode ser pior do que simplesmente existir.
A maioria dos estudos sobre ELF e saúde são mal conduzidos, ou não encontra relação consistente entre exposição a campos magnéticos nessa faixa (até 100 µT) e sintomas.
Muitos desses pseudopostadores citam a “Hipersensibilidade eletromagnética” que não é reconhecida como uma condição médica causada por campos eletromagnéticos, e estudos com randomização duplo-cegos mostram que os sintomas são provavelmente de origem psicossomática (efeito nocebo).
“Potencial cancerígeno, segundo a OMS (Grupo 2B – possivelmente carcinogênico).”
Também é frequentemente trazido a tona que os campos eletromagnéticos de baixa frequência estão no grupo 2B da IARC, isso inclui substâncias possivelmente carcinogênicas, mas isso significa apenas que não há evidências suficientes para descartar ou confirmar um risco, e não que há um risco real comprovado.
Quer dizer que há evidências muito limitadas de associação com câncer em humanos, mas essas evidências não são suficientes ou conclusivas.
Não significa que com certeza causam câncer, apenas que não se pode descartar completamente, então mais estudos são necessários.
Estudos epidemiológicos antigos que sugeriram uma ligação entre exposição a campos ELF e aumento de risco de leucemia infantil, especialmente para campos >0,3 a 0,4 µT, mas a evidência é fraca e inconsistente.
Estudos posteriores não confirmaram uma relação causal direta, mas, por precaução, os campos ELF foram colocados no Grupo 2B.
Grupo 2B também inclui/incluiu café, picles, aloe vera, e centenas de substâncias/exposições com evidência fraca ou inconclusiva.
Carros Elétricos provocam enjoo?
Veículos elétricos apresentam acelerações e frenagens mais imediatas, lineares(sem marchas) e silenciosas, o que altera a percepção sensorial do corpo humano. Nosso sistema vestibular (localizado no ouvido interno) é responsável por detectar movimentos e equilíbrio. Quando os sinais vindos dos olhos, músculos e ouvido interno não estão sincronizados, ocorre o chamado conflito sensorial, principal causa do enjoo de movimento, que pode acontecer em veículos a combustão, aviões, embarcações, etc…
No caso dos elétricos, a ausência de vibrações e ruídos do motor a combustão pode reduzir algumas pistas auditivas e táteis que ajudam o cérebro a prever o movimento. A falta de presibilidade de movimento é um grande fator causal de enjoos e mal estar relacionados ao movimento, tanto que é muito mais fácil ter sintomas estando na carona, do que guiando um veículo. Além disso, a frenagem regenerativa, com desacelerações mais bruscas e diferentes das esperadas, pode aumentar essa discrepância, gerando maior desconforto em pessoas sensíveis.
Essa seria uma explicação realista, não é o carro elétrico em si que “provoca enjoo”, mas sim as diferenças de aceleração, silêncio e sensação de movimento em comparação com veículos convencionais(que as pessoas já acostumaram), que podem confundir o sistema vestibular.